Glorificamos nosso honroso passado:
quando a terra era a mãe que nos alimentava,
quando o céu noturno era nosso teto comum,
quando o Sol e a Lua eram nossos pais,
quando todos éramos irmãos e irmãs,
quando nossas grandes civilizações cresciam, sob o sol,
quando nossos chefes e anciãos eram grandes líderes,
quando a justiça ditava as regras da Lei e sua execução.
Então, os outros povos chegaram:
sedentos de sangue, de ouro, sedentos da terra e de toda sua riqueza,
carregando a cruz e a espada, uma em cada mão,
sem saber ou esperar para aprender os caminhos de nossos mundos,
consideraram-nos como sendo menos que animais,
roubaram nossas terras e delas nos arrancaram,
e tornaram escravos os Filhos do Sol.
No entanto, nunca foram capazes de nos eliminar
nem de apagar de nossas memórias aquilo que fomos,
porque somos a cultura da terra e do céu,
somos da antiga linhagem e somos milhões,
e embora todo nosso universo possa ser dizimado,
nosso povo ainda viverá
por mais tempo, ainda que o reino da morte.
Agora, viemos dos quatro cantos da terra,
protestamos diante do concerto das nações,
que "somos os Povos Indígenas, nós,
os que temos consciência da cultura e de tudo
o que diz respeito ao povo,
dos limites das fronteiras de cada país,
e marginais à cidadania de cada país."
E levantando-nos, depois de séculos de opressão,
evocando a grandeza de nossos ancestrais,
em memória de nossos mártires indígenas,
e em homenagem ao Conselho de nossos sábios anciãos:
Prometemos solenemente retomar o controle de nosso próprio
destino e recuperar nossa completa humanidade e
orgulho de sermos Povos Indígenas.
Fonte: I Conferência Internacional dos Povos Indígenas, realizada em Port Alberni, Colúmbia Britânica, em 1975